2008-07-30

Ensino sobre a língua e o discurso

Como deve ser o ensino sobre a língua e o discurso? O que deve ser ensinado, a que tipo de aprendiz ou aprendente, com base em que material, recorrendo aos ensinamentos de que autores, de que tendências e teorias?

Imagine que o professor "adote" uma obra entre:
. Gramáticas tradicionais como as de Evanildo BECHARA (a Escolar moderna e a Moderna moderna), de Celso CUNHA (em qualquer uma de suas edições, com ou sem ), Celso Pedro LUFT (classicamente, a Resumida e a Moderna, ambas despretenciosas, mas nunca descartáveis), ROCHA LIMA e sua Gramática Normativa, não tão normativa quanto as de SACCONI;
. Mário PERINI e a Gramática descritiva do português, de um formalismo atrevido, anti-tradicional;
. Ingedore KOCH, com Lingüística aplicada ao português: Sintaxe, que traz ensinamentos do Gerativismo até 1965 (e houve desenvolvimentos dessa(s) teoria(s) nos anos de 1970, 1980, 1990...);
. Flávia CARONE, em Morfossintaxe, que se apóia basicamente em Lucien TESNIÈRE e em sua teoria Dependencial;
. Francisco da Silva BORBA e Uma gramática de valências para o português (em hipótese alguma o item "valência" corresponde a uma "gramática" toda, no sentido de outras aqui citadas);
. Maria Helena de Moura NEVES, e sua Gramática funcional, apresentadora de Simon DIK e MAK HALLIDAY, entre outros,

Em cada caso, pode vir a examinar objetos de estudo, procedimentos, concepções e conceitos completamente diferentes e mutuamente excludentes.

Acho que compreendo melhor agora, depois das "férias" de julho de 2008, por que cheguei a um estado tão nulo de aprendizado em conhecimento da frase, depois de tentar ser sinceramente indeciso com meus alunos nos últimos semestres... Essa compreensão foi apressada ao ler sobre "Jogo de linguagem e psicologia filosófica", na revista Mente & Cérebro (n. 9, a referência é confusa, tem o rosto de Wittgenstein na capa) que Wittgenstein "critica todas as explicações disponíveis de memória, e não propõe outra" (p. 29), talvez por causa da radicalização de idéia presente já em sua primeira obra, o Tractatus logicus filosoficus:

"(...) À filosofia não cabe 'explicar' nada (isso cabe às ciências); o alvo da filosofia não é nos fazer conhecer algo que desconhecíamos, mas perceber melhor o que sempre esteve diante de nós." (id., ib.)

Vamos buscar a coerência quanto a em que momentos estamos investigando, em que momentos estamos estudando e apreandendo o mínimo útil para o trabalho, a melhoria do conhecimento da língua nas escolas em que trabalharão.