2009-11-30

Português para Estrangeiros: INSTRUMENTAL?

Publico pergunta e resposta a aluna nossa de TPLE, sobre PORTUGUÊS INSTRUMENTAL. De fato desvio-me bastante, tangencio.

2009/11/28 lisieux bevilaqua
Professor Alber, aqui é Lisieux Beviláqua, sua aluna de Tópicos do Português como Língua Estrangeira. Andei pesquisando pela internet o que seria interessante para o assunto Português Instrumental e consegui o material abaixo. Você poderia comentar na aula de quinta-feira (dia 03/11) sobre ele ?

Português Instrumental

Esta é uma ferramenta que ajuda o estudante estrangeiro a compreender e a dominar o idioma, colocando ordem nas relações entre quem escreve e quem lê, facilitando a compreensão mais rápida.

Primeiramente, são apresentados aspectos referentes à Comunicação (Fonte/ Emissor, Mensagem/Recebedor, Destino, Canal, Ruído, Redundância, Linguagem/Língua/Fala, Diferença entre Língua Falada e Língua Escrita, Textos que exemplificam os níveis de língua, Denotação e Conotação, Variações da palavra no contexto, Homonímia / Polissemia/Palavras semelhantes na grafia e na pronúncia - Parônimos), ao Estilo (Comparando textos: Bula farmacêutica, Receita culinária, Poesia, Crônica literária, Notícias : Esportiva, Policial, Política, Carta Comercial, etc., Estilo com relação ao contexto, Estilo literário e não literário, Qualidades do Estilo/ Harmonia/ Clareza/Concisão), à Frase (Estrutura e Conceito de frase, Oração, Tipos de frase, Tipos de Classificação Frasal), ao Parágrafo(Apresentação, Divisão, Exercícios) e ao Discurso (Discurso direto, Discurso indireto, Discurso indireto livre ou semi-indireto, Textos com diferentes discursos), fornecendo ao estudante um completo embasamento teórico-prático para a comunicação escrita.

Apresentar o Português Técnico e Profissionalizante: abaixo-assinado, ata, atestado, atos administrativos, carta comercial e oficial, circular, contrato, curriculum vitae, declaração, memorando, monografia, ofício, procuração, relatório, requerimento, etc.

Abordar tópicos gramaticais, que esclareçam dúvidas comuns da Língua Portuguesa : São expostos estudos sobre Fonologia (Letra/Fonema, Vogais/Consoantes/ Semivogais, Encontros Vocálicos/Consonantais, Dígrafos/Dífonos, Separação de sílabas), Notações Léxicas (acentuação, crase, ortografia, pontuação, hífen, concordância, regência, verbos, uso dos "porquês", estrangeirismos, abreviações, etc.) e As dificuldades mais freqüentes da língua ( A fim ou afim, ao encontro ou de encontro a, entre eu e tu ou entre mim e ti, enfim ou em fim, haver ou ter, etc.).

Dar destaque à Redação e seus ângulos: descrição, narração e dissertação.

Obrigada pela atenção.

Bom, Lisieux, isso é uma espécie de curso de tudo de língua portuguesa...

Em vez de ser um curso comum de língua, com as coisas sendo aprendidas lentamente comunicação, ou um curso com os conhecimentos apresentados durante muito tempo, o aluno veria essas coisas meio teóricas e se valeria dos conhecimentos para adivinhar o que há nos textos em português.

Eu diria que os instrumentais são desinados a prover os alunos de conhecimentos que facilitem descobrir da melhor maneira possível os sentidos, sem terem frequentado os cursos comuns, e que não estão podendo frequentar. Sou suspeito para falar do assunto, porque sempre tive preconceito contra isso. Acho inglês instrumental um curso "desidratado", privado de história e cultura, de situação comunicativa, de fonologia...

Ocorreu-me naquela última aula que os cursos "instrumentais" deveriam levar mais em conta as línguas nativas ou conhecidas dos alunos.

Pensemos nas distâncias entre essas línguas e o português:
- espanhol - italiano - francês (neolatinas, como a nossa);
- inglês (germânica neolatinizada, onipresente em lojas, produtos...);
- alemão, holandês, dinamarquês, sueco (não-latina, mas indoeuropéias, com muitas palavras de uso internacional);
- russo, polonês, tcheco (ainda indoeuropéas, mas pouco conhecidas entre nós).
Agora pense em línguas não-indo-européias como:
- árabe, hebráico, que, de certa forma, como todas as acima, são FLEXIVAS
Pense, finalmente, em línguas não-indoeuropéias, com menos possibilidade de conterem palavras de uso internacional, e não flexivas...

O japonês, por exemplo, tem estrutura muito diferente. Parte dos adjetivos tem indicações de tempo, em vez de preposições tem posposições. O basco tem o radical do verbo depois do tópico, e uma espécie de auxiliar no fim da frase, que indica tempo, modo... O guarani tem pronomes pessoais que mudam para indicar a classe (conjugação) do verbo, sufixo indicando "passado" de substantivos (algo que foi alguma coisa).

Línguas como o o finlandês são AGLUTINANTES. Coisas que dizemos com vocábuols à parte, são simples morfemas acrescentados aos radicais. Um exemplo clássico é 'em nossas casas', que seria traduzido como:
Taloissanne = talo (casa) + -i- (plural) + -ssa- (localização sem movimento) + -nne (referência a inclusão do enunciador e mais alguém) (casa-plural-em-nosso).

O pior seriam línguas indígenas como as do grupo sálico (creio, em inglês "salish"), com aglutinação estrutura fonológica que parece ter séries de mais de oito consoantes sem vogal...

Bom, entre o que o trecho citado por você chama "instrumental", o que comumente chamam aqui instrumental e o que eu digo acima vai grande diferença. Mas o que eu disse faz sentido.

Por exemplo, para o espanhol e outras línguas românicas ou o inglês, faz sentido dar ajuda ao estudante mostrando certas regularidades e correspondências entre as línguas. Veja:
- orelha - oreja - oreille (aurîcula), olho - ojo - occhio (oculum);
- chuva - lluvia (ll = lh) - pioggia (PLuvia), chave - llave - chiave (chi = ki) (CLave);
- casa - chez (em casa de), cavalo - cheval, capítulo - chapitre (port / fr).

Paro por aqui por hoje,

alber

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